A realidade virtual e o futuro dos shows ao vivo

A realidade virtual é uma tecnologia que permite recriar ao máximo a sensação de realidade para o usuário, para que isso aconteça é necessário o uso de hardwares, como headsets que cobrem completamente olhos e orelhas e priva o usuário de ouvir e ver estímulos externos, mantendo-o focado exclusivamente no conteúdo transmitido.

Além da tecnologia ser bastante usada em games, medicina, test drive de carros, treinamentos militares e diversos outros fins, o uso no mundo do entretenimento musical também já está no radar das grandes plataformas. O YouTube e Google, por exemplo, têm investido em conteúdo nesse formato, especialmente na transmissão de eventos.

Público do Lollapalooza em experiência com a VR

Festivais e bandas aderiram à VR (Virtual Reality) como forma de agregar ainda mais na experiência oferecida para o seu público. Desde 2014, os frequentadores do Coachella podem usar a realidade virtual para fazerem um tour pelo festival e camping, ver fotos e vídeos em 360° e assistir a entrevistas dos artistas como se estivessem frente a frente com eles. Fãs que não conseguem ir ao festival também conseguem ter a experiência à distância, podendo assistir aos shows ao vivo com vista privilegiada do palco por meio do app Coachella VR. O Lollapalooza também tem usado a realidade virtual para transmitir shows ao vivo .

No ano passado, o Coldplay fez em parceria com a Samsung um show da turnê “A Head Full of Dreams”, dedicado exclusivamente à realidade virtual. O show foi apenas para os usuários do gadget de VR da marca e foi transmitido para mais de 50 países.

Devido a uma combinação de custos de produção caros, que podem chegar a centenas de milhares de dólares por projeto e headsets relativamente caros e desajeitados e que ainda estão encontrando resistências do público, criou-se uma percepção de que apenas os maiores artistas e festivais podem se dar ao luxo de construir experiências em realidade virtual com qualidade significativa para a música.

O TheWaveVR é uma plataforma focada em shows ao vivo em realidade virtual. Na plataforma os shows são transmitidos uma única vez em um ambiente em que as pessoas possuem avatares e podem interagir entre si, uma espécie de The Sims ou Second Life. Um componente que a plataforma oferece é o Wave Builder, uma ferramenta que permite que qualquer pessoa construa seus próprios locais e visuais de shows em 3D. Para os músicos, o apelo de aplicativos como o TheWaveVR está na capacidade de construir mundos interativos e verdadeiramente imersivos em torno da música, que levam a um nível elevado de envolvimento do usuário e compreensão criativa que vão além das experiências 2D em serviços de streaming. O Endless Riff, plataforma da Samsung também oferece experiências parecidas e é focado para o público do Samsung Gear VR, gadget de VR da marca.

Ambiente criado em 3D para apresentação no TheWaveVR

É certo que a realidade virtual não vai substituir a experiência real de se estar num grande festival, mas de um modo geral, a realidade virtual também pode derrubar barreiras para grupos de baixa renda, minorias e pessoas com deficiências que não podem pagar ou estarem fisicamente impedidas de participar pessoalmente de festivais como Coachella e Lollapalooza. Ter disponível essa tecnologia na sala de casa pode ser algo que proporcione uma experiência perto do que seria pessoalmente, fazendo as pessoas se sentirem parte de algo grandioso mesmo sem estarem presentes fisicamente.