As novas gerações não querem saber de drogas

Desde 2014 pesquisas apontam uma queda no consumo de bebidas alcoólicas e drogas ao redor do mundo, chamando atenção das principais cidades boêmias e da indústria do entretenimento. A realidade que parece bonita ao ser falada, na prática é totalmente diferente, basta ir em alguma festa ou barzinho para ver as meninas saindo carregadas, alguns rapazes visivelmente alterados se metendo em brigas, além das notícias de morte por overdose que se por algum tempo pareciam tão distantes, começaram a acontecer do nosso lado.

O consumo de drogas vem de gerações para gerações, seja ela lícita (dependendo do país que você está, inclusive) ou ilícita. A falta de informação tem sido um dos maiores problemas. Demorou-se muito para quebrar o tabu e falar abertamente sobre o tema e mesmo assim ainda estamos caminhando em solo incerto.

“O que a droga faz e como ela age no meu organismo? Qual o efeito ou o que eu vou sentir? O que exatamente tem na composição do produto que eu estou usando?”. A única coisa que se dizia era: “Toma isso aqui, você vai se sentir bem”.

Será mesmo? Essa pessoa se certificou de saber como está o seu mood no dia? A quantidade de álcool que você tomou até aquele momento ou que você pretende tomar? Alguém avisou para não misturar? Se nem bebida com energético a gente deveria misturar, imagine outras drogas.

Na era digital essa situação além de acelerar, mudou completamente. A internet trouxe informação na nossa mesa e não estou falando de nada parecido com as campanhas do PROERD, que eu particularmente só lembro do mascote e da festa de encerramento. Estou falando de informação e vivência, nem que seja através das experiências (e erros) dos outros, como o Canal do YouTube Druglab, que tem mais de 700 mil inscritos e além de gravar e explicar os efeitos das drogas que experimentam, ainda advertem sobre alguns ‘fazeres e não fazeres’ antes e durante o consumo, sem todo aquele estereótipo criado pela sociedade e mascarado pelos conservadores. É simplesmente informação, afinal a escolha no final das contas é de cada um. A história mesmo demonstra que é muito mais efetivo você optar por campanhas pro-healthy do que no-drugs, pro-peace do que against war.

A “Geração Z”, de 13 a 23 anos de idade em 2018, estão ficando mais ou menos chapadas que as gerações dos anos 80, 90 e 2000? Estamos vivenciando uma realidade de jovens que estão preocupados com a imagem que se esquecem de se divertir? Uma geração que troca a balada pela Netflix? Interação social por aplicativos de relacionamento? Que deixa de ‘enfiar o pé na jaca’ no final de semana para manter uma dieta saudável e equilibrada com alimentos orgânicos e exercícios?

Todas as evidências mostram que fumar, beber e consumir drogas tiveram uma queda a longo prazo. Em meados dos anos 80, 55% das crianças de 11 a 15 anos fumavam cigarro e 62% tinham bebido álcool. Hoje, 18% fumaram cigarro e 38% beberam álcool. A proporção de jovens de 11 a 15 anos que já usou drogas ilegais caiu pela metade desde 2001, de 29% para 15%.

Aqui no Brasil estamos vivenciando essa mudança agora, as gerações mais novas estão mais prudentes com medo das consequências de suas escolhas, afinal ninguém quer ser motivo de vexame para o resto da vida, afinal “na internet você escreve a tinta e não a lápis”.

A verdade é que perder o controle é perigoso, você pode sofrer graves consequências, do estupro ao “vexame”. Nos ensinaram a usar a tecnologia, mas não nos ensinaram a ter compaixão e empatia pelo próximo.

Em Los Angeles, nos Estados Unidos, o que presenciei nos últimos meses é que a legalização da maconha mudou o consumo, muitos continuam sem ser usuários, outros experimentaram a erva específica para o seu gosto ou necessidade e viraram consumidores assíduos, outros mesmo depois de experimentarem, escolheram não continuar consumindo… seja qual for a escolha, você pode ter certeza que ela é consciente. Além disso, não foram só as drogas recreativas que estão deixando de ser hype, muitas das pessoas estão procurando alternativas orgânicas para o tratamento de doenças, como uma gripe, que muitos preferem tratar ou previnir com suplementação de alho, ao invés de medicamentos industrializados. Até mesmo o consumo de maconha ganhou outros meios, produtos com CBD são encontrados nas prateleiras de estabelecimentos veganos e orgânicos. Até os produtos de beleza veganos estão sendo uma das opções exploradas.

A ignorância sobre um tema é o verdadeiro inimigo, precisamos discutir o assunto. As drogas por si só não são dos piores dos inimigos, a capacidade do ser humano de fazer mal ao próximo ou de se abster de uma situação é que preocupante.

Até porque não estamos aqui para condenar o uso de drogas, mas sim EDUCAR, instruir, orientar e aconselhar (use o sinônimo que preferir) sem julgar, mostrando empatia pelo próximo e pelo tema. Acreditamos que esse caminho seja o mais efetivo em busca do consumo consciente, evitando tragédias, seja ela na vida da pessoa ou até mesmo na internet, porque se um adolescente não morrer por uma overdose, ele pode acabar se suicidando por achar que não conseguiria lidar com as consequências, por isso em todos os casos: MAIS AMOR, POR FAVOR.

Be vegan!