Mura Masa ‘novo de novo’ em novo e excelente album R.Y.C

Por quê usar tantas vezes o adjetivo “novo” em um título só? Bom, porque um só não seria suficiente para descrever o novo álbum de Mura Masa. A criatividade do jovem francês de apenas 23 anos parece não ter limites e Alex não parece se preocupar muito em seguir apenas uma linha de som, por mais que sua sonoridade seja bastante peculiar.

Atração confirmada no Coachella, era de se esperar que teríamos álbum novo em 2020, E QUE ÁLBUM! R.Y.C é sem dúvida um dos seus melhores trabalhos até agora. Não é aquele tipo de música eletrônica divertida e dançante da década passada, não é apenas o pop rock alternativo que ele seguiu em seu album auto-intitulado em 2017, é meio punk, indie rock e até rap, é tudo isso e  muito mais, uma evolução construída faixa a faixa.

O fio tênue entre seus trabalhos antigos e seu novo álbum está lá, aquela sonoridade que ele trouxe em parcerias de sucesso como A$AP Rocky, Charli XCX e Jamie Lidell ainda pode ser ouvida, mas também avança em algo bem diferente.

Liricamente, “No Hope Generation” por exemplo, já começa enunciando “Eu preciso de ajuda” e levanta questões que os jovens enfrentam hoje em dia devido ao vício em telas, violência e abuso de substâncias. Como o próprio nome da música diz, uma geração sem esperança.

A quarta faixa do álbum, um interlúdio de Ned Green, conta a história de uma fuga pelado do quarto de uma garota depois que seu pai chegou em casa. E então, temos “Deal Wiv It”, ao bom e velho estilo britânico e uma das nossas faixas favoritas do álbum, eles que lutem!

A distorção vocal que era popular nos anos 90 é encontrada fortemente neste álbum. O R.Y.C dá vida ao punk e ao rock encontrados nos anos 90 mesclado com o indie rock dos anos 2000 sem desvalorizar nenhuma das partes.

O álbum toca fortemente no ideal da juventude, no poder e nas armadilhas da nostalgia e em como a esperança pode se transformar no que a pessoa quiser. Como Mura Masa disse em uma declaração sobre “Teenager Headache Dreams”, a felicidade pode existir “mesmo que isso signifique se apoiar em algo que não é necessariamente verdadeiro, ou que seja em parte fruto da sua imaginação, ou talvez nem tenha acontecido. Se conseguirmos encontrar uma lembrança compartilhada de um bom momento, é mais provável que possamos encontrá-la novamente. Um pouco de escapismo é saudável”.

“In My Mind” é a provavelmente a faixa mais introspectiva do álbum, não só a letra retrata isso, mas a melodia também segue esse caminho. Já “Today” é a faixa mais acústica, assim podemos dizer, pelo menos até certo ponto, antes das distorções voltarem a ocupar o espaço. “Live Like Were Dancing” é uma faixa divertida, gostosa de ouvir, acredito que a faixa mais próxima do pop que temos aqui, quase que soa como um Daft Punk moderno.

O álbum finaliza com uma faixa quase instrumental com sons de uma conversa no background.

O que podemos dizer? Well, well, just play and enjoy it!

 

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