Armin van Buuren se entrega ao público (e às lágrimas) na Romênia

Já rolava há pouco menos de sete horas desde que Armin Van Buuren assumira o palco do Untold Festival, na Romênia. Depois de desfilar todo seu infindável repertório, suas habilidades a frente de uma CDJ e seu domínio histórico sobre a plateia, a lenda deixou que sua track “Sunny Days” rolasse integralmente, sob o sol já radiante, e desceu para abraçar seus fãs que o seguiram nessa procissão de fé.

É por esses momentos que o fã de música eletrônica peregrina o mundo em busca. É nessa fração de show que tudo se reúne num sentido nada tangível. É quando você e seu ídolo se fazem em posição de igualdade, de entrega a um mundo só que a música constrói. É quando conseguimos desconectar das coisas ordinárias para viver dessa espécie de magia que os sons constroem na nossa cabeça e refletem nas lágrimas que ele e quem o via, seja ao vivo ou pelo mundo, deixam cair.

Armin é dessas pessoas que entendem a música como um material que vai muito além de um produto a venda, de uma busca por números. Ele parece dedicar seu suor e sua fé em quem o vê, quem o sente. Seja na televisão ou na Romênia, a entrega é um ato de humanidade, de respeito. Sucesso na profissão e multimilionário, não seria improvável imaginar a acomodação de quem poderá levar a vida numa situação de calmaria. Ele prefere a tempestade.

Há uma semana, fez o Hi! Ibiza, clube na cidade espanhola vivenciar seis horas de trance. Ao vivo para a internet, foi visto por muitos fãs. Sem parar um segundo, sempre com o sorriso que encoraja, comandou o público durante todo o tempo. Sua postura de liderança participativa, de quem não impõe momentos para serem gravados, mas grava na memória de cada um o porquê de estar lá, fazem dos shows, uma experiência.

Não importa a época, não importa sequer a década, desde de seu início, Armin é quem sabe tocar a alma. Seu estilo de música pode colaborar tecnicamente, mas a emoção jamais é compreendida por lógica. Às voltas com títulos e prêmios, não demonstra qualquer importância para isso. Enquanto o mundo dos DJs pede por votos, ele entrega long sets, hits, palavras e mensagens de carinho. Trata o amor de quem o vê e devolve na mesma medida. É sinestésico.

Em 2017, o Untold ouviu quase 6 horas. Neste ano, 7. O Tomorrowland o viu por 3 vezes. O Benjamim Button da música eletrônica é um caso inexplicável. Parece viver o auge eternamente, afinal, emoções, sentimentos e sensações não tem idade, não guardam lugar no tempo espaço, guardam apenas no coração. Há de se celebrar todos os dias ser contemporâneo de Armin Van Buuren.