Criado em 2007 para gerar discussões sobre o cenário da música eletrônica no mundo, o IMS, International Music Summit, acontece anualmente em algumas cidades do mundo e teve sua maior e mais recente edição realizada em Julho e em Ibiza. Foram 3 dias de debates, palestras, entrevistas e painéis sobre a direção e o futuro da música eletrônica. O evento é bastante similar ao famoso ADE, que acontece anualmente em Amsterdã e ao nosso BRMC que acontece em São Paulo.
Analisamos os dados e fizemos um compilado dos principais temas que foram debatidos por lá:
#1 Música eletrônica no spotlight mundial
A Ásia se tornou um enorme mercado de música eletrônica nos últimos anos e tem realizado grandes festivais, principalmente na China, Japão e Coréia do Sul. Um estudo da Nielsen realizado com 5 mil pessoas do continente, mostrou que 74% dos sul-coreanos escutam música eletrônica, deixando o gênero como segundo lugar no ranking dos mais ouvidos por lá. Na China e Taiwan, o estilo é ouvido por 64% das pessoas e é o quinto gênero de música mais ouvido nos dois países. No Japão é ouvido por 35% da população e é o sexto estilo mais ouvido do país.
Um assunto bastante discutido também foi o Spotify, que atingiu valor de mercado de 28 bilhões de dólares em Abril, que prevê que em 2020 dobre o número de seus assinantes premium do serviço. A plataforma conta com a música eletrônica como grande aliada para seu sucesso, tendo a playlist Mint, do gênero, como a sexta mais popular com 5,1 milhões de seguidores. Estima-se que 27% das 100 faixas mais reproduzidas desde o início do Spotify sejam de música eletrônica. The Chainsmokers possuem duas músicas no top 10 de músicas com mais streams na plataforma, ultrapassando 1 bilhão de plays em cada uma delas.
No Beatport, o crescimento das vendas de músicas quase que duplicou em 2017, tendo alcançado 8% de crescimento em relação ao ano anterior.
#2 Valorização de artistas na internet (e no cachê)
A Forbes estima que os ganhos dos DJs em 2017 tenham crescido 10% em relação a 2016. Calvin Harris manteve a liderança como o mais bem pago, com ganhos na casa dos 49 milhões de dólares.
No que toca o merchandise, os DJs estão aproveitando a crescente demanda por produtos musicais licenciados, com vendas globais que cresceram 30% entre 2014 e 2016. Como o consumo de música mudou para o digital, os fãs se voltaram para obter produtos físicos com a marca do artista, como roupas, fones e óculos. Os artistas e eventos expandiram sua gama de produtos com suas marcas para capturar essa demanda. Em 2017 as vendas aumentaram 9%, chegando a casa dos 3,1 bilhões de dólares.
Em relação às redes sociais, o Instagram, que anunciou recentemente integração com o Spotify e Eventbrite, vem sendo a plataforma mais explorada pelos artistas. Os DJs mais populares tem focado em aumentar suas bases de fãs principalmente no Instagram, YouTube e Spotify.
Fazendo uma comparação entre Maio/18 e o trimestre anterior a ele, Marshmello foi o que mais aumentou sua quantidade de seguidores no Spotify, com ganhos de 38%, totalizando 2 milhões de seguidores a mais. Skrillex aumentou sua base no Instagram em 67%. Diplo teve um aumento de 51% de inscritos em seu canal no YouTube.
Os números das bases de fãs de DJs “emergentes” estão crescendo em percentuais ainda maiores. O brasileiro Alok cresceu sua base no Instagram em 40% e no YouTube em 62%. A DJ belga de Techno, Amelie Lens, aumentou seus seguidores no Spotify em 34%.
#3 Mercado de eventos promissor
Em relação aos festivais, é esperada que a expansão global continue. Na China espera-se que o número de festivais dobre em 2018, saindo de 86 eventos em 2017 e ultrapassando os 150 no atual ano. O Ultra continuou o seu crescimento em 2017, adicionando 23 novos eventos e totalizando 45, que fez com que o festival atraísse mais de um milhão de pessoas.
Nos últimos 5 anos, o Boiler Room, projeto londrino, aumentou sua audiência de 5 milhões para 303 milhões de espectadores. Em 2017 o Boiler transmitiu mais de 212 eventos, 67% a mais que em 2012.
#4 Transações e investimentos milionários no setor
Em Setembro de 2017, a aquisição da Spinnin Records pela Warner por 100 milhões de dólares se tornou o terceiro maior negócio no cenário da música eletrônica dos últimos 6 anos. Desde 1999 a Spinnin tem criado uma grande base de fãs e conta com 12.8 bilhões de views no YouTube e 22,6 milhões de inscritos, 2 milhões de seguidores em sua playlist no Spotify e 1,7 mil músicas no SoundCloud.
Empresas focadas em música eletrônica continuam investindo em seus produtos. Em Outubro de 2017, a Native Instruments investiu 50 milhões de euros em criação de softwares e hardwares. O Splice investiu 35 milhões de dólares em sua plataforma e produtos e o Mixcloud 11,5 milhões de dólares em seu serviço de streaming.
As vendas da Pioneer e Native Instruments continuam crescendo, tendo o mercado de softwares de produção musical crescido 9% em 2016. A Pioneer aumentou suas vendas em 5%, atingindo o faturamento de 550 milhões de dólares em 2016 e a Native Instruments aumentou seu faturamento em 10%, chegando aos 82 milhões de dólares.
#5 Cenário positivo mesmo na queda
No geral, o valor da indústria caiu 2%, chegando a valer 7,2 bilhões de dólares. Segundo o Morgan Stanley, banco americano, se cada segmento da indústria da música eletrônica mantiver sua participação, a indústria poderá chegar a valer 9 bilhões de dólares até 2021.
É notável o quanto a música eletrônica tem se popularizado e atingido mais gente no mundo nos últimos anos e como o meio digital tem sido protagonista neste cenário. Entre altos e baixos, a cena eletrônica tem si firmado em meio aos grandes gêneros, movimentado uma indústria cada vez mais valorizada e ainda não estamos no ápice do seu potencial, mal podemos esperar para ver o que vem a seguir!
Assista o vídeo do recap de como foi o IMS em Ibiza:
Os dados podem ser encontrados para análise aqui.
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